Nos climas quente e húmidos é natural desenvolver-se o gosto por bebidas frescas e por alimentos frios como o sorvete. Seja num cone ou num copo, o sorvete é absolutamente agradável a qualquer hora do dia e em qualquer ocasião.
Apesar da origem exata do sorvete não ser possível de determinar, existem registos históricos que nos dão uma visão do seu aparecimento.
Segundo a história, já no século I o imperador romano Nero comia uma mistura de sorvete doce que era feito com a neve e o gelo transportado das montanhas para Roma. O gelo era misturado com coberturas de frutas tendo-se tornado uma sobremesa favorita das elites daqueles tempos.
Mais tarde, entre 618 e 697, o imperador chinês King Tang usava um método semelhante mas misturava leite com o gelo, ficando assim uma espécie de sorvete parecido com os atuais.
Este hábito de misturar gelo com as sobremesas foi trazido para a Europa pelo explorador veneziano Marco Polo, quando voltou da sua famosa viagem ao Oriente com uma receita para fazer sorvetes de água. Surgiram assim novas receitas de misturas geladas com leite e outros ingredientes aromáticos que eram servidos principalmente nas cortes reais francesa e italiana.
No século 17, quando o monarca Francisco I esteve em campanha na Itália, decidiu levar para seu filho, o Duque de Orleans, uma noiva, Catarina de Médicis. A ela atribui-se a introdução do sorvete na França. Neste mesmo país, em 1660, Procopio Coltelli inaugurou, em Paris, a primeira sorveteria do mundo.
A neta de Catarina de Médicis casou-se em 1630 com Carlos I, da Inglaterra e, segundo a tradição da avó, também introduziu o sorvete entre os ingleses. Mais tarde os colonizadores britânicos levaram o sorvete para os Estados Unidos onde este tipo de sobremesa rapidamente ganhou a mesma aceitação que na Europa.
Personalidades americanas como Thomas Jefferson, George Washington e outros, serviam-na aos seus convidados.
Em 1776, a cidade de Nova York já tinha o seu próprio salão de sorvetes clássico, tendo-se começado a instituir pela primeira vez o termo “ice cream”, que derivou de “iced cream”.
O tradicional sorvete de cone de baunilha
Mesmo com todo este sucesso, fabricar sorvete era algo bastante difícil. Esta dificuldade foi resolvida em 1846, quando a norte-americana Nancy Johnson inventou uma espécie de congelador que funcionava com uma manivela e agitava uma mistura dos ingredientes. Na parte de baixo existia uma mistura de sal e gelo que ajudava ao congelamento. Foi esta a máquina percursora da produção industrial de sorvete.
No seguimento da invenção de Nancy, em 1851 e também nos Estados Unidos, o sorvete viveu um dos momentos mais importantes da sua história. O leiteiro Jacob Fussel abriu a primeira fábrica de sorvetes em Baltimore, começando a produzir em grande escala, acabando por ser copiado por outros empresários de Boston, Washington e Nova York.
O cone do sorvete foi inventado pelo italiano Italo Marcioni, que registou a sua patente em 1903.
Por volta do ano de 1922, um produtor de salsichas britânico começou a ficar preocupado com a quebra nas vendas durante os meses quentes do ano, pois não tinha trabalho para ocupar os seus trabalhadores. Foi quando decidiu produzir gelados embalados e vendê-los a um preço muito acessível.
A venda realizava-se nas ruas usando um carrinho de três rodas com a seguinte publicidade: “Stop me and buy one” (pare-me e compre um). Tinha nascido a venda ambulante de gelados.
Quem diria que todas estas variações de diferentes povos e culturas iriam resultar num dos produtos mais consumidos em todo o planeta? Com a enorme variedade de sabores, cores e formatos que atualmente existem, o sorvete deixou de ser uma iguaria exclusiva do verão e passou a estar presente em nossas casas em qualquer estação do ano.